Risco dos cigarros eletrônicos (VAPES)

14 fevereiro, 2024

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) publicou uma nota de posicionamento sobre o uso de cigarros eletrônicos e achei interessante compartilhar com vocês os pontos principais 


Temos que tomar cuidado, há um grande interesse econômico da indústria do tabaco para que os VAPES sejam liberados. Muitas das alegações dos "benefícios" dos VAPES são inverdades ou carecem de estudos. Eis alguns pontos:


1) A alegação de controle de danos não se conprova, quem usa o VAPE para parar de fumar tem menor chance de sucesso e pior, podem associar o uso do cigarro convencional ao eletrônico, o que aumenta o risco 

2) Risco químico do VAPE: 

Os dispositivos não descartáveis representam um risco para ingestão acidental, absorção pela mucosa ou contato com a pele em casos de vazamento da nicotina líquida. Há relato de morte de uma criança por ingestão acidental da substância.

Em contrapartida, os dispositivos descartáveis estão gerando um problema ambiental significativo, com toneladas de lixo eletrônico com lítio e cobre (presentes nas baterias).

Risco de lesão pulmonar aguda grave, com risco de hospitalização e até morte.

3) O uso de VAPES aumenta o risco de infarto, AVC e doenças vasculares em geral.

4) Prejuízo ao SUS e sistemas de saúde. Com o aumento do uso de cigarros eletrônicos haverá um aumento de internações relacionadas ao uso do cigarro eletrônico.

5) Países onde o o VAPE é liberado estão repensando a liberação.

6) Mesmo com a comercialização ilegal, após duas décadas de declínio, o uso de substâncias relacionadas ao tabaco está aumentando em jovens pelo uso dos VAPES.


E resumo o texto da SBC finaliza: Pelas evidências disponíveis, pelo elevado risco de adição (vício), pela incapacidade de fiscalização bem como a falta de recursos para tratar as consequências do uso dos VAPES é imperativo manter a sua proibição.



 

Sobre pressão alta - Hipertensão arterial

30 janeiro, 2024

  A pressão alta (hipertensão arterial) é uma condição extremamente comum não só no Brasil mas no mundo inteiro.

  A prevalência vai aumentando com a idade, sendo que acima dos 50 anos cerca da metade da população terá pressão alta.

  O tratamento é extremante eficaz mas infelizmente cerca da metade das pessoas com pressão alta não conseguem controlar a pressão, principalmente por má aderência.

  Vejo no consultório alguns perfis comportamentais em relação a pressão alta.

1) Hiper preocupados, que medem a pressão diariamente/ várias vezes ao dia. Se a pressão fica alta vai a um pronto socorro, me liga, agenda uma consulta ou toma um remédio a mais (o que é errado).

2) “Negligentes”, tem pressão alta mas acham que essa é o seu normal. Não quer tratar a pressão pois não tem nenhum sintoma.

3) Equilibradas – seguem as orientações. Se indico um tratamento medicamentoso faz seu uso. Se percebe a pressão mais elevada vai anotando para me mostrar na consulta. Afere a pressão arterial em casa somente se solicitado

Como era de se esperar, os perfis 1 e 2 são os mais comuns. Interpreto esse achado como o resultado da falta de explicação dos próprios médicos e pela "epidemia" de ansiedade do mundo atual.

Alguns pontos que todos devem saber

11)     A pressão alta é um fator de risco assim como obesidade, tabagismo, sedentarismo, má alimentação etc. Se não devidamente tratada, a médio/ longo prazo ela aumenta o risco de AVC/ derrame, infarto, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, aneurisma (entre outras condições).

22)     Pressão alta não dá sintomas!! Aquela dorzinha de cabeça/ nuca, mal estar ou tontura não é sintoma da sua pressão. Provavelmente sua pressão já estava alta antes ou a pressão subiu pela dor.

33)     Nossa pressão varia no dia, condições que aumentam a pressão: Ansiedade, dor, café, bexiga cheia, acabar de fazer atividade física, noite mal dormida.

44)     Se você foi diagnosticado com pressão alta, não obrigatoriamente precisará tomar remédio. Se sua pressão está em estágios iniciais e você não tem outras doenças, o certo é alteração no estilo de vida. Olhem que mágico:

- Para cada Kg perdido (em indivíduos com sobrepeso e obesos) a pressão cai cerca de 1mmHg
- Dieta saudável (frutas, legumes, diminuir gordura saturada, grãos integrais): 11mmHg
- Atividade física aeróbica: 5 a 8mmhg
- Moderar o consumo de álcool – 4mmHg
- Diminuição no consumo de sódio – 5-6 mmHg
- Dieta rica em potássio – 4mmHg

Vejamos, uma pessoa com sobre peso, sedentária com má alimentação vai ao consultório com pressão 14 por 9. Se ela emagrece 5Kg e fizer todas as medidas acima descritas facilmente ela conseguirá chegar na pressão considerada ótima.

Sem contar que essas medidas não medicamentosas servem não “somente” para baixar a pressão. Cada uma delas, se realizadas aumenta anos de vida saudável e diminuem risco.

 

Check-up: O que é e para quem?

18 janeiro, 2024

Na medicina de qualidade, existem dois pilares fundamentais: O tratamento adequado para uma determinada doença e a prevenção para que doenças sejam evitadas e postergadas.

O famoso check-up inclui a identificação de fatores de risco, que são condições que aumentam a probabilidade de se desenvolver determinada doença no futuro, através da conversa, exame físico e solicitação de alguns exames.

Como tudo na vida, entretanto, existem possíveis perigos de um check-up mal feito: Pode gerar ansiedade de um exame falso positivo, efeito colaterais de se tratar doenças inexistentes ou de condições que nunca acarretariam riscos no futuro sem falar obviamente no custo.

Mas vamos para o que interessa...

Quem precisa fazer check-up?

Apesar de não haver um consenso geral, simplificadamente podemos considerar que jovens sem comorbidades (doenças) NÃO precisam de fazer check up anual, portanto:

Abaixo de 50 anos, sem doenças, uma visita ao médico preventivamente a cada 3 anos é o ideal.

Acima de 50 anos já se torna importante uma consulta anual mesmo se não tiver sintomas.

Obviamente que se você tem alguma doença ou se faz alguma atividade física intensa/ competitiva a periodicidade vai mudar.

O que se faz em uma consulta de check up?

Conversamos sobre hábitos de vida saúdaveis.
Aferimos a pressão arterial.
Auscultamos o coração para pesquisar sopros ou possíveis arritmias.
A partir desses primeiros pontos solicitamos alguns exames para detecção de problemas de colesterol, diabetes, ácido úrico, função do rim, risco de infarto e exames preventivos para alguns tipos de câncer.

Quanto mais exames melhor?

Definitivamente NÃO!

Alguns exames, mesmo que alterados não precisam ser tratados se a pessoa não tem sintomas ou outras condições associadas como é o caso da maioria das vitaminas e hormônio.

Infelizmente vejo pessoas saudáveis tomam suplementos para “tratar” supostas deficiências.

Vejo pessoas achando que tem problemas cardíacos depois de algum exame “alterado”.

Atendo pessoas que fizeram exames invasivos como cateterismos sem necessidade!